Hot Yoga Tónico: eu experimentei, sobrevivi e gostei in nit.pt
In : http://nit.pt/fit/04-17-2016-hot-yoga-tonico-eu-experimentei-sobrevivi-e-gostei
Pra mim o auge máximo da transpiração acontecia depois de uma hora seguida a pedalar nas aulas de cycle, modalidade que odeio, mas à qual me obrigo a ir uma vez por semana. Jurava que as minhas glândulas sudoríparas eram incapazes de produzir mais suor. Até ter ido experimentar uma aula de hot yoga tónico, que aconteceu numa sala aquecida a 40º, no Yoga Live Academy, em Arroios, Lisboa.
Regra geral: quem gosta de treinar muito, não gosta de yoga porque se parte do pressuposto de que é uma aula mais calma, focada sobretudo em exercícios de respiração, com uma componente de meditação e relaxamento que nos obriga a estar de olhos fechados e a fazer de tudo para não pensar em nada — o que é muito difícil. No hot yoga tónico, temos tudo isso, mas muito mais — é um verdadeiro desafio e trabalha a sério o corpo. Há já mais de 40 anos que foi criado este conceito de se praticar yoga em salas aquecidas a temperaturas altas, mas o programa de treino “tónico” foi criado em 2015 por Jean Pierre de Oliveira, o luso-francês que me guiou nesta experiência única.
Antes da aula começar, Jean Pierre perguntou-me se era a primeira vez que eu experimentava aquele tipo de yoga. Eu disse-lhe que sim e ele, a rir-se, fez aquele gesto da mão a passar no pescoço como quem diz ‘Prepara-te. Isto não é para meninos’ — ou então ‘vais morrer’. E tinha toda a razão: não morri, mas a meio da aula a minha respiração e coração estavam a mil e tinha a roupa encharcada como se tivesse acabado de correr uma ultra-maratona.Como é que isto pode acontecer numa aula de yoga? Vamos perceber isso.
O próprio nome já nos dá algumas pistas. É yoga ‘tónico’ porque tem uma grande componente de tonificação — várias repetições de sequências e permanências em posições que requerem muita força corporal, ou seja, que trabalham muito os músculos do corpo, desde o abdominal, que está constantemente a ser solicitado, às pernas, glúteos, braços, costas ou ombros. A prática inclui movimentos como pranchas ou flexões, que no yoga ganham outros nomes muito mais complicados. Temos de fazer dezenas de movimentos que partem da postura de ‘V’ invertido — o nosso corpo forma uma pirâmide, em que as nossas mãos e pés são as extremidades e a nossa bacia é a ponta da pirâmide.
“O calor e a humidade na sala que transformam toda a prática de yoga. O corpo quente fica mais flexível e os alunos conseguem executar as posturas com mais facilidade”
“O Yoga Tónico é uma variação do mais tradicional hatha yoga. É um yoga de força, que aposta em exercícios com mais intensidade. Prefere, por exemplo, as permanências às torções, e desenvolve-se numa sequência que se repete progressivamente”, explica à NiT Jean Pierre.
A força que os movimentos requerem aliada à temperatura a que está a sala — que vai dos 38º aos 40º — faz com que esta atividade queime entre 600 a 900 calorias. Por isso, é ideal para as mulheres e homens activos que não se identificam com a cultura de ginásio mas que se preocupam com o seu bem-estar”, em que além de procurarem algo mais espiritual, também querem sentir os ganhos da “atividade física”.
“O calor e a humidade na sala transformam toda a prática de yoga. O corpo quente fica mais flexível e os alunos conseguem executar as posturas com mais facilidade”, explica Jean Pierre. Eu comprovei isto: a flexibilidade não é o meu forte e o meu corpo dobrou-se em formas que eu jurava que não conseguia. Mas há mais vantagens: “A circulação é ativada, o que ajuda na pressão arterial, tornando-se possível expandir a respiração. É aliás por isso que o hot yoga é tantas vezes recomendado a quem tem problemas respiratórios, como asma”, acrescenta.
Mas o professor deixa um aviso: “Para quem está a começar, é preciso ir devagar. Na primeira aula, se o aluno conseguir ficar o tempo inteiro dentro da sala já é uma vitória” — e eu consegui.
A aula dura 1h30 e está dividida em três partes: na primeira parte fazemos um “breve aquecimento com exercícios de respiração de enraizamento, concentração e equilíbrio”; na segunda fase, aplicamos o método yoga tónico — que é o mais difícil e muito intenso; por último, vem a parte do relaxamento — que é maravilhosa.
As aulas de hot yoga tónico acontecem todas as quartas-feiras, a partir das 19h30. A aulas de hot yoga flow (que é a versão mais fácil) acontecem à segunda-feira, entre as 12h30 e as 13h30.
Os preços da mensalidade variam entre os 35€, valor que corresponde a uma aula por semana, e os 50€, o correspondente a duas aulas por semana.
A opinião do NIT
Nos primeiros momentos da aula fizemos os tradicionais e característicos exercícios de respiração do ioga, em que se contam os segundos de inspiração e expiração.
Nesta fase já estamos na parte do Yoga Tónico. Vou ser sincera: eu achava que a aula não ia custar nada e, por isso, de manhã, já tinha treinado no ginásio. Pior, tinha feito treino de pernas. Por isso, nesta altura, já me sentia completamente acabada.
Olhando para a posição, parece nem ser assim tão difícil. Mas é importante lembrar que a sala estava a 40.º, e que é preciso de bastante equilíbrio, força e de elasticidade (que eu não tenho) para se conseguir ficar assim.
Estava a doer.
Continuamos na fase de yoga tónico. É importante perceber que o corpo está sempre em movimento e a passar de uma posição para a outra, sem descansos. Por esta altura, já tinha o coração a mil.
Esta sequência era particularmente difícil, porque já íamos a mais de meio da fase mais dura da aula. Tivemos de fazer várias vezes esta posição (sempre em sequência sem descanso), que solicita sobretudo os músculos das pernas e do abdominal — que é o que nos dá o equilíbrio.
Acho que a minha cara de sofrimento diz tudo.
No início da aula pode ser um bocadinho complicado acompanhar o professor, porque ele vai dando as indicações das posições, que têm nomes bastante complicados, para quem não faz ioga. Por isso, é importante sentar na fila da frente, para o professor nos ir corrigindo e ajudando.
Nesta imagem estava na posição de ‘V’ invertido, uma das mais tradicionais do ioga, em que formamos uma espécie de pirâmide com o corpo.
É importante mencionar que nenhuma posição é isolada. São todas continuas e passamos sempre de um movimento para o outro, em sequência.
Para todas as aulas é importante levar uma toalha e uma garrafa de água. Jean Pierre aconselha o consumo reforçado de “potássio, cálcio e magnésio para que
a perda intensa do suor não desequilibre o organismo. “
A aula dura uma hora e meia. Termina com a fase de relaxamento, em que alongamos o corpo todo, deitamo-nos e relaxamos. Entretanto as luzes apagam-se, o termostato é desligado e o corpo é “conduzido, devagar, às temperaturas naturais”, como explica Jean Pierre.